Marcelo adentrou aquele espaço, com o coração na mão, e voz embargada. Não tinha espaço para mais nada em sua vida. Ela se perdera completamente após o acidente. Sentia-se só. Foi andando calmamente e se acomodou na cadeira, que junto das outras formavam uma roda.
- Boa noite a todos. Estamos aqui para mais uma reunião. Agradeço a todos pela presença. Alguém quer dar o primeiro depoimento. – Começou João, o organizador da reunião. – Hoje... – continuou ele – Estamos aqui para expormos nossos medos e traumas. Quem quer ser o primeiro a falar?
Marcelo abaixou a cabeça. Sentia vergonha das lágrimas que escorriam pelo seu rosto. Levantou a mão timidamente. Silêncio.
- Pode ficar a vontade Marcelo, estamos aqui para te ouvir. – Expôs João.
- Eu... – Marcelo respirou fundo e secou as lágrimas. – Eu... Faz seis meses do acidente. Não sei... Eu... Meu pai morreu. O carro... Ele tava viajando. Chovia. Eu... – Respirou fundo, como quem retirasse coragem de onde não tinha. – É a décima reunião que eu venho e quando vinha pra cá, pensava que... – Desabou no choro.
- Pode ficar a vontade Marcelo. – Tranquilizou João. – Quando estiver bem pode falar, estamos aqui.
- Eu tinha um relacionamento bom com ele. A gente era amigo. Conversava. Eu saia, era feliz, mas tem uma coisa que me incomoda muito, que pesa no meu coração, um arrependimento. Eu amava meu pai. Eu amava. Eu o amava muito, com todas as forças do meu coração. E ele morreu nesse acidente estúpido. Eu não entendo. Ele era uma pessoa tão boa, eu não. – Marcelo não aguenta e cai em prantos de novo. – Eu amava meu pai, eu amava.
- Por que você repete tanto que amava seu pai, Marcelo? – Perguntou João.
- Por que eu nunca consegui dizer isso a ele...
4 comentários:
Legal gostei dos textos que vc postou, interessantes, continue escrevendo. Entre no meu e veja os meus textos escritos algum tempo atrás.http://www.algumacoisatenhoquedizer.blogspot.com/
Nossa, sério.
Esse foi profundo, até me emocionei! E me identifiquei com o cara. Sério. Tem vezes que por alguma razão idiota não nos expressamos como realmente queremos, e pode ser tarde ;(
Estou down não vou mais trabalhar.
ALOOOOOOOOOOOOBA
Bjãozãooo
Rita (;
Gostei!!
Hoje estou triste :(
Beijos já te coloquei no meu blog.
nossa...
que triste...
=(
sabe, é complicado parar pra pensar nessas coisas.
quando perdi meu avô, pensei em coisas assim.
mas por sorte, tinha tomado a decisão de sempre dizer a ele e as pessoas que me são caras o quanto as amo.
amava meu vô e ainda bem que ele não morreu sem saber disso antes!
=]
bjos
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