sábado, 9 de agosto de 2008

E QUE PRESENTE, NÃO?

Mariza tinha organizado o aniversário do pai no sábado à tarde e com muita carne e cerveja se fez a festa. Muitos convidados e muitos amigos, parentes e muitos presentes também.
Um pouco mais tarde ela, andando pelos convidados, se dá de cara com um sujeito estranho conversando com os demais convivas na maior agitação e intimidade.
“QUEM É AQUELE ALI PARADO MÃE?” perguntou Mariza a sua mãe na pequena investigação. Pena que sua mãe também não sabia. Começou a andar e um pouco tonto de cerveja, seu amigo desconhecido tomou liberdade e foi falar com Mariza.
- Boa noite. – Perguntou o moço em caráter de gentileza e humildade, e um pouco alcoolizado também. – Tudo bem com a senhora?
- Tudo ótimo e com o senhor? – Ela foi se incomodando a cada aproximada daquele sujeito.
- Que bom. Quando vão cortar o bolo? – Mariza ficou verde com a pergunta cara de pau do sujeito.
- Já já. – respondeu ela com sarcasmo.
- É que tem várias pessoas que estão pedindo... – Ele dá uma baforada na cara dela, que se vira pro lado.
- Eu vou lá dentro e já volto. – Disse ela saindo.
Sua mãe aparece ma cozinha e Mariza, com cara de nojo e rosto lavado responde.
- Aquele cara está me dando nojo.
Vinte minutos depois, “PARABENS PRA VOCÊ, NESTA DATA QUERIDA...” todos em volta da mesa cantando alegres esta fantástica canção.
Seria perfeito se o elegante convidado não tivesse feito um discurso fantástico.
“EU GOSTARIA DE SAUDAR O ANIVERSARIANTE DA NOITE...” eram cinco da tarde. “E QUERIA SAUDAR ESSA FESTA FANTÁS...TÁS....TICA. E BRINDAR O... O... O NOSSO QUERIDO.... FELIZ ANIVERSÁRIO...”. Terminado o discurso os presentes aplaudem, não se sabe se é pelo aniversariante ou por ele ter acabado de falar.
“O MÃE, A SENHORA VIU AQUELES...” Mariza ia pedir algo pra mãe quando ouvem um barulho, e o “convidado” havia desmaiado.
Duas horas depois de terminada a festa, o aniversariante desembrulha os presentes.
- Quem pode ter me dado essa linda camisa? – perguntou ele vendo uma camisa salmão e com estampas rosas.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

A ATITUDE DA PERUA!

Alichia tinha esse nome estranho por vontade do pai. Não que ele tivesse uma etnia importante ou porque tinha um significado transcendental. Era simplesmente “UM NOME EXÓTICO, NADA MAIS.” Repetia ele.
Ela cresceu e se tornou a mais perua do grupo de dondocas que se reuniam semanalmente pra fazerem absolutamente nada. Cresceu na hostilidade e na mesquinhez, coisa de todo rico e ela não achava nada de errado nisso.
“SOU ASSIM MESMO, SOU PERUA E NÃO VOU NEGAR MINHAS ORIGENS. MEUS PAIS NASCERAM EM LONDRES E EU TENHO CULPA SE ELES SE TORNARAM RICOS.” E repetia isso até as meninas do encontro oficial de peruas da zona sul caírem em gargalhadas.
No transito no dia seguinte próximo ao farol um homem a ultrapassou e a ultrajou. “SAI DA FRENTE SUA PERUA TRESLOUCADA.”. Achando isso um absurdo ela para numa padaria pra tomar um café antes de ir pro clube, na sua aula de ginástica.
“BOM, SER PERUA NÃO TEM NADA DE MAIS. PENA QUE EXISTA ESSE PRECONCEITO...” ao ver uma cena que estava acontecendo ao seu lado, parou de tomar seu café e assistiu.
A mulher estava em pé, próximo ao caixa e um menino de rua apareceu pedindo esmola. “Uns troco pra eu comer tia”, a perua de chapéu magenta claro se virou e pronunciou essas palavras doces e meigas. “SAIA SEU FEDELHO IMUNDO. QUE COISA DESPUDORADA. OLHA MEU NÍVEL SEU SUJEITINHO INDECENTE.”
Nisso Alichia se levanta deixando a xícara de café da mesa e segue em direção da cena.
“Posso saber o porquê a senhora ofendeu esse menino? Ele só está na rua porque a senhora trata a todos desta forma. Sua síncope de boas morais e de maneiras está totalmente divergente.” E se calou.
“Que piruazinha mais displicente. Com licença.” E a senhora se retirou.
Alichia deu dois reais ao menino, que agradeceu gentil e voltou pra sua “casa”.
“Isso pode ser um começo.” – Pensou Alichia ao estacionar o carro e entrar no clube.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

O QUE A CHUVA TROUXE!

Suzana estava muito ansiosa, pois estava de casamento marcado, no civil, com Isaias pra daqui a mais ou menos cinco meses e ela ficou de fazer uma surpresa pra ele, a de comprar as alianças.
- Eu estou tão nervosa. Vou pegar as alianças hoje. Estou tão emocionada. – Disse ela a uma amiga.
- Calma. Pegar as alianças é apenas o começo. Não vai achando que casamento é tudo não. Porque eu afirmo, casamento não é tudo na vida.
- E você acha que eu não sei? – e continuou sonhando com filhos e em como ficar rica.
No sábado à tarde ele indo pegar as alianças, olhando pela janela do carro, belas nuvens negras prestes a desabar água céu abaixo.
“Ai que droga. Tinha que estar esse tempo justo hoje?”
Chegando na casa de alianças, depois de ter estacionado o carro a 3 km de distancia da loja ela entra molhada com as poucas gotas de chuva que teimavam em cair antes do tempo. E tremendo de frio já que não levara blusa, nem guarda-chuva.
- Eu vim ver as alianças. – disse ela ao vendedor quando chegou.
Ao ver tudo foi pagar com o cartão, com o pouco crédito que tinha.
“MEU BOLSO SOCORRO. MAIS VAI VALER A PENA. ISSO VAI. COM CERTEZA.” Pensava ela, sempre.
- Senhora, não tem mais as caixinhas pra duas alianças, posso colocar uma separada da outra? – perguntou o vendedor.
- Pode. Quanto? – respondeu ela já sabendo da sacanagem e pagou mais três reais.
Quando saiu da loja a chuva estava pra cair e ela tentou correr. Porem começa um corre corre que deixou ela um pouco nervosa. “Será que vou ser roubada?’ e continuou correndo. Pensou em colocar o pacote na bolsa, porém ela era muito pequena e teve que segurar os embrulhos na mão.
“OLHA O RAPA, OLHA O RAPA.” Ouvi-a se esses gritos pra lá e pra cá e foi uma correria e mais chuva começou a cair. E ao passar um vendedor ambulante do seu lado, o ferro da barraca acabou por rascar a sacolinha e ao cair uma caixinha a aliança acaba caindo no chão, a outra ficara na sacola, a salvo.
- Peguem. Socorro. Minha aliança. – e começou a correr quando acabou tropeçando e caindo numa poça de água.
- DROGA. – gritou ela quando se sentou no carro e começou a chorar descompassada. – Que merda. – e começou a bater no volante e batendo na busina.- DROGA, DROGA, DROGA, DROGA...- e levou um susto quando ouviu uma batucada no vidro do carro.
Com os olhos vermelhos ela abre o vidro e se vê diante do homem mais lindo que já vira. Tinha olhos verdes, pele morena e cabelos castanhos. E ele de terno, se cobrindo da chuva com uma pasta, sorri.
- Foi a senhorita que perdeu essa aliança?

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

DESILUDIDA!

Amanda era seu nome de batizado e nome da noite. Toda noite ela saia de casa, que ela sustentava com o próprio esforço, pronta para o serviço e a procura de dinheiro. Não vamos falar de uma pessoa que faz o que faz por um simples motivo que é a grana fácil e sim, pois todo mundo um dia encontra algo do que se gosta de fazer.
Então vamos ao ponto que um dia estava na boate e Amanda viu um cara bonitão, charmoso, elegante e que parecia ser educado e ter a vida boa. Pena que as aparências enganam.
Dois meses depois que transou com o cara, sem camisinha, se descobriu grávida e foi expulsa da casa que trabalhava por irresponsabilidade. Se essa profissão tivesse registro acho que elas teriam mais direitos? Talvez sim, talvez não. “JÁ PENSOU EU CHEGAR NUM LUGAR E PERGUNTAREM A MINHA PROFISSÃO, VOU RESPONDER O QUE? NÃO RESPONDO E MOSTRO MINHA CARTEIRA?” pensou ela enquanto estava no ônibus de volta pra casa.
Sua mãe era falecida e era brigada com seu pai há muitos anos. Estava morando num asilo e nunca foi vê-lo. “SERIA MUITA CARA DE PAU MINHA IR LÁ SÓ PRA PEDIR AJUDA.” E desistiu e lembrou da antiga casa, perdeu o emprego e a casa que alugava, na verdade um quartinho do qual também foi despejada.
Passou a morar na rua e ninguém mais queria fazer programa com ela. “QUEM IA QUERER COMER UMA VADIA BUXUDA?” perguntou o homem grosseiro quando Amanda ia pedir emprego de volta, estava passando fome.
Passou alguns dias num albergue e foi seguindo a vida. Pedindo esmola e correndo atrás de comida. “MAS E O PAI?” perguntou a si mesma.
Pegou as moedas trocadas que tinha as poucas, e pegou um ônibus pra zona sul.
Em frente ao prédio, ela respirou fundo e com um suspiro de força e crença ela foi em frente.
CONTINUA...

terça-feira, 5 de agosto de 2008

PORQUE MEU FILHO, POR QUÊ?

Edivânia ia todo domingo visitar filho na prisão como de costume. Mas dessa vez iria ser diferente. Passou pela revista, tinha levado bolo, pães e outras coisas. Entrou no pátio da prisão e foi procurar por ele.
- Benção, mãe. – Disse Marcão ao ver a mãe e ao abraçá-la caiu no choro.
- Pare com isso meu filho. Não vê que isso não tem sentido. – disse ela seca.
- Como assim mãe? Não tem sentido minha vida. – ele se levanta. – Ai que saudade da senhora, da sua comida...
- De um lar, né meu filho? – ela o interrompe.
- Também mãe. – ela não mudava o olhar de pedra dela. – Vamos sentar e conversar melhor vamos? – ele a leva pra um lugar um pouco mais isolado. Ela se sente um pouco contra vontade. – Me conte como anda minha irmã, Fátima?
- Ela está bem. – diz olhando pros lados.
- E tio Carlos? Como anda com a oficina? – ele tenta de todo jeito deixar a mãe nem que seja um pouco mais confortável.
- Ta bem também. – ela o olha como se fosse dizer o que tinha que dizer, porém aos poucos sempre ia perdendo a coragem.
- E porque ninguém veio me visitar ainda? Sabem que presídio eu to? Onde estou? Sabem mãe? – Ele a pega pela mão. Ela sem jeito se desvencilha e se levanta. – Que foi? Aconteceu alguma coisa? A senhora está tão estranha desde que chegou. – se levanta também.
- E que... – Cria coragem. – Essa é a... – ela o abraça como não o tivesse visto há anos e se emocionam.
- Mãe, oh mãe. Que saudade da senhora. Como a senhora me faz falta, sua força e coragem. Me ajuda a enfrentar o mundo daqui mãe? Me ajuda? – ele parecendo uma criança pede ajoelhado.
- Essa é a ultima vez que venho aqui, Marcos. – com voz firme ela despeja a fatídica frase.
- A senhora me chamou pelo nome? Como assim a ultima vez mãe? – se levanta se a pega pelos ombros, ao mesmo tempo apertando e suplicando ajuda, sem entender nada. Ela se banha em lágrimas.
- Isso mesmo meu filho... – ela se solta. Vira de costas pra ele por não poder dizer isso de frente. – É a ultima vez que venho aqui te visitar. De agora em diante nem família, nem eu vamos vir te ver. – Ela se vira e vê lágrimas caem dos olhos de seu filho. Ela sente vontade de abraçá-lo, porém se segura.
- Tem algum motivo pra isso? – Marcão desolado.
- Vou me mudar pra Paraíba, minha terra, e sua irmã vai comigo. Seu tio nunca quis vim aqui...
- Sempre me chamou de vagabundo pelas costas que eu sei. Mas ele sabe muito bem que... – começa a perder o fôlego.
- Sabe que você se tornou um bandido. Nunca te ensinei isso meu filho.
- Eu sei.
- ENTÃO PORQUE MEU FILHO, POR QUÊ? – grita ela no desespero. Estava pra perguntar isso a muito tempo.
- Porque ele mereceu. – rosna de ódio.
- Ele mereceu e ocê ta ai, trancafiado nessa prisão imunda. Eu te escrevo, não se preocupe – ela da um passo em direção a saída.
- Boa viagem mãe. – ele diz antes dela dar mais um passo.
- Obrigada. – ela se vira e responde. E tenta ser forte, porém se vira novamente e ele com a cara coberta pelas mãos e ajoelhado no chão, levanta o rosto ao vê-la se virar.
- Nunca se esqueça meu filho. Nunca mesmo, que a única pessoa que te ama sou eu. E que hoje, deixo contigo meu coração.
E ela sai aos prantos em direção a Paraíba.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

O POSTO E A PRAIA.

Diogo havia planejado aquela viagem há muito tempo atrás e não tinha ninguém que tirasse essa idéia dele.
- Se não formos à praia no ultimo fim de semana das minhas férias eu vou voltar revoltado pro trabalho.
Detalhe que ele não conseguiu viajar nas suas férias pois, a casa estava de reforma e só sobrou o ultimo fim de semana.
- Calma amor. Vai dar tudo certo, não se preocupe. – A mulher Isadora quase rindo do desespero do marido o acalma.
- Tomara. E o pior que o Renato estava me enchendo tanto pra ir pra praia.
- Ele deve tá mais animado que você. – Isadora olha pra trás e vê o filho roncando.
- Que engraçado. Só eu aqui tô ansioso? – Diogo ouve um barulho do motor. – O que foi esse barulho?
- Mãe, quero ir no banheiro. – Renato acordara e chamara pela mãe.
- Vamos parar no próximo posto Diogo. Seu filho que fazer xixi.
- Mesmo se eu não quisesse. Eu ainda chego na praia. Pode acreditar.
Eles pararam no posto mais próximo, isso quer dizer, quase 20 minutos depois.
- Mãe ta doendo. – Renato aperta a bexiga.
- Calma filho. Vamos. – Os dois mãe e filho descem do carro e vão em direção ao banheiro. – Já voltamos amor.
- Não demorem, por favor. – ele vai falar com o mecânico, que leva o carro pra oficina do posto.
Espera vai, minutos vão e o mecânico volta pra dar o veredicto.
- Tá com vazamento de óleo.
- Está com o quê? – Diogo perplexo com o que acabara de ouvir.
- Vai ter que levar até uma oficina da capital. Esse carro não pode continuar na estrada.
- Eu não acredito. – nervoso e sem acreditar no que tinha acontecido ele vai até o carro, pega a carteira e tenta em vão encontrar o celular. Tempo perdido.
- Posso usar o telefone, por favo? – Diogo começa a ficar desesperado com a resposta negativa. – Meu Deus, porque hoje? Porque hoje?
Ele começou a ficar inquieto. Cadê Isadora? Foi no posto inteiro procurá-la e nada. Foi na praça de alimentação e nada. Ele passa pela janela e uma nuvem escura passa.
“SÓ FALTA ISSO”
Ao se cansar de procurar ele volta pro carro. Lá estão sua mulher e seu filho com cara de que estão esperando a muito tempo por ele.
- Onde você estava amor? – Isadora está comendo pipoca.
- Fui te procurar a mais ou menos vinte minutos.
- Foi a mais ou menos quando cheguei.
- Me dá o celular, por favor. – Diz ele respirando fundo.
- O meu ou o seu?
- O meu né? – Diogo já não se agüenta de impaciência.
- O meu está aqui. Você não pegou o seu?
- Eu pedi pra você pegar, não foi?
- Eu ouvi que você ia pegar o celular.
- EU NÃO ACREDITO. Além de ficarmos sem carona, nosso carro vai ter que ir pra São Paulo, pois tá com vazamento de óleo. E o único lugar que tem o telefone do seguro é meu celular.
- Não tem na sua carteira? – ela aponta pra carteira que está na mão dele.
- É verdade. – ele se acalma e pensa. – Seu celular tem crédito? – ele animado pergunta.
- Não tem não. Acabei de ligar pra minha mãe e não deu nem pra terminar.
- EU NÃO ACREDITO NISSO...
Uma trovoada acaba com seu raciocínio e uma gota de água cai em sua testa.

domingo, 3 de agosto de 2008

ASCENDÊNCIA!

Oi mãe,
Nunca estive pensando tanto na senhora quanto neste momento, vejo seu rosto em todos os lugares, ouço sua voz e sinto falta do seu colo.
Preciso de muita prece da senhora. Minhas lágrimas só não funcionam e preciso de sua ajuda. Eu ando muito confuso com tudo, Marcela terminou comigo, fui enxotado do apartamento em que eu morava, nada se acerta pra mim e a faculdade, peço perdão pra senhora, mas eu sai. Não me sentia bem naquele ambiente e desde que eu sai de casa nada funciona pra mim, fui perdendo meus amigos pouco a pouco, não tenho mais dinheiro pra comer, peço desculpas se te magôo ou te magoei alguma vez, como quando eu era pequeno em que roubei um chiclete da mercearia e a senhora me deu uma surra. Mas o destino foi cruel comigo e me vejo em cima desse prédio hoje com vista para o chão em movimento. Tudo se transforma e fica tão colorido e me dá um medo. Sinto uma brisa pesada me carregando.
Tenho que dizer isso mais uma vez antes que eu não tenha mais tempo,
Mãe, eu te amo. Nunca se esqueça de mim. E peça a Deus o perdão pros meus pecados.
Amém.
O policial Ricardo achara a carta 40 minutos depois, em cima de um prédio na região de perdizes.