sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Conversa franca!

- Mãe? – Marcelo entrou em seu quarto, a janela estava entreaberta e viu sua mãe, Roseli, a meia luz. – Está tudo bem?
- Tudo. E com você? – Ela estava com semblante preocupado e voz firme.
- Tudo. O que está fazendo no meu quarto?
- Nada. E porque estaria? É o quarto do meu filho e eu posso entrar quando eu quiser.
- Sim, tudo bem...
- Pode me explicar o que é isso aqui? – Roseli lhe mostra uma cigarrilha.
- É... É que eu... Isso é um cigarro.
- Que isso é um cigarro eu sei, mas do quê? – Silêncio. – Responde.
- Maconha. Eu fumo maconha. – Marcelo não continha sua vergonha e ficou de costas para a mãe.
- Olha pra mim e diga que isso é maconha, Marcelo. Olha para mim e diga.
- Porque a senhora está fazendo isso? Não basta saber que seu filho gosta de maconha? – Ele continua virado
- O que você está fazendo de sua vida, Marcelo? Fumando maconha... – Ela ameniza no tom de voz, se aproxima de Marcelo, acariciando as costas. – Quero que saiba.
- Não precisa falar mais nada. Eu não posso ter liberdade de fazer o que eu quero? – Se desvencilha dela, grosseiramente.
- Pode desde que não atinja a sua família também.
- Como vou atingir vocês? Que viagem mãe.
- Vai sim, já se esqueceu das histórias lamentosas de viciados por aí?
- E quem falou que estou viciado?
- Pode não viciar, mas é a porta de entrada. De onde vem isso aqui pode vir coisa pior.
- Relaxa, sei me cuidar.
- Se você tivesse quarenta anos talvez, mas ouço isso de um jovem que acabou de completar 18 anos.
- Você vai contar pro pai?
- Vou ter uma conversa com ele. Você já tem 18 anos, mas mora em nossa casa e queremos o seu bem.
- Por que me trata feito criminoso? A senhora não fuma também?
- Cigarro não é maconha.
- Mas mata e vicia da mesma forma. Vai lá. Conta pro meu pai. Vou sumir e quero ver como vocês vão ficar.
- Faça como quiser, eu só quero o seu bem. – Ela se aproxima dele, calmamente, beija-lhe a face. – Eu te amo meu filho. Nós te amamos, queremos o seu bem. Faça o que achar melhor. – Roseli sai do quarto com o coração na mão.

2 comentários:

Anônimo disse...

é...

os vícios são um problema.
sejam drogas lícitas ou ilícitas...

uma pena que nem sempre a gente saiba lidar com as situações, não saiba o que dizer ou o que fazer...

bjos

Margarida disse...

Gostei de ler. Está escrito de uma forma muito realista e faz-nos pensar. É uma história que acontece em muitas familias, todos os dias e um pouco por todo o mundo.