quarta-feira, 30 de março de 2011

Ponto de decisão!

- Amor? – Ana chama Henrique, seu marido, timidamente.


- Fala coração, o que foi? – Ele abaixa o jornal e a olha por cima dos óculos.


- É que, eu descobri uma coisa... – Ana senta-se no sofá e olha o espaço, há somente o silêncio.


- Sim Ana, diga logo. Está me deixando aflito.


- É que nosso filho, Pablo, eu descobri...


- Ele engravidou a vizinha? Vive com ela pra cima e pra baixo, nunca vi...


- Não... – ela o corta. – É que o Pablo, ele é diferente dos outros meninos.


- Eu sei, aquele dia que fui pro estádio, São Paulo X Corinthians, o gol centenário, nunca vi tanta animação...


- É justamente disso que eu ia falar.


- O que te preocupa amor? – Henrique volta a ler o jornal calmamente. – Não há o que se preocupar.


- Tem sim, acho que estamos enganados com relação a ele, tô sentindo ele meio confuso, acho que precisamos conversar com ele, acho que...


- Acho, acho, acho... Você sempre está achando alguma coisa, impressionante, eu nunca vi coisa igual, sempre desconfiando dos outros, segredinhos, para com isso Ana, deixe as pessoas em paz, será que você não consegue...


- Pablo é gay...


Houve um silêncio tão profundo no ambiente que Ana adoraria ter se enfiado na terra até que o momento passasse e ela pudesse viver na calmaria. Ledo engado.


- O quê? – Henrique levanta-se irado e joga o jornal no chão e indignado a puxa pelo braço. – O que você está tentando me dizer? Nosso filho, Bambi? – Ele gargalha. – Como pode dizer uma coisa dessas? Assim, dessa maneira? Essa é uma acusação grave.


- Acusação? – Num rompante Ana se desprende de Henrique e o empurra. – Acha que estamos falando de quem? E Bambi é a maneira de se referir a seu filho? Olha lá como fala, estou preocupada sim, mas não com isso, é como psicológico dele e... Que horror Henrique, que horror, esperaria tudo de você, sinceramente...


- Há é... Sei, mas duvido que não tenha ficado chocada de saber que o nosso filho é um veado maldito. – Ana fica petrificada ao olha para a porta da sala e ver Pablo, com os olhos marejados, olhando para eles.