sexta-feira, 29 de abril de 2011

Não mexa com quem está quieto!

André chegou perto da mesa de sua chefa e a ficou olhando.


- André? -Ela o fitou mais um pouco. – André? Pode falar. – Ele a olhava e ela tentou de novo. – Já falei que pode falar... E pode sentar-se também, não paga nada. – Vendo que ele não reagia, Guilhermina, a chefa, continuou trabalhando.


André continuava a olha-la estranhamente. Pessoas que passavam por ali estranharam aquela cena, mas Guilhermina fazia aquela cara de que estava tudo bem.


- André, você vai falar ou vai ficar aí parado me olhando como se nada tivesse acontecido? Tem trabalho pra fazer. – Ela virou para o lado para pegar alguns documentos e quando voltou a virar André havia chegado mais pra perto da mesa, assustando-a.


- Que susto menino. Chega, ou você fala logo ou vai se sentar que trabalho não falta. – Ela o encara firmemente. – O que você está querendo? – Ela levanta-se e fica no mesmo nível que ele, olhando bem fixo em seus olhos. – Ou você fala ou vai se sentar.


Guilhermina elevou o tom de voz instantaneamente e receosa com a situação olhou para os lados, ninguém entendia o que ele queria, nem o que estava acontecendo.


- Tá, tudo bem. Você está bem? Está tudo OK? Aconteceu alguma coisa? É sobre nossa última conversa? – Ele continuava quieto, não dizia uma só palavra, estava sem expressão tensa, ou de raiva, ou de qualquer outra sensação ruim. – André, chega! Se quiser ficar aí em pé que fique, vou descontar do seu banco de horas.


- Gui, eu... – Marina, colega de setor, havia chego para perguntar uma informação.


- O que é? Não vê que eu tô ocupada? – Guilhermina explode em Marina, a deixando assustada.


- Tá. Volto outra hora. – Marina sai sem entender.


- Olha, fui grossa com quem não devia por sua causa, ou senta ou vai levar uma suspensão, ouviu bem? – Levanta-se, respira fundo. – Não basta a nossa conversa semana passada? Que a sua produção caiu, que você já não trabalha mais como antes, chega atrasado e as duas advertências que eu te dei no último mês. Quer levar mais uma? Hein? Já chega de você, já estou farta da sua incompetência.


Ele tira um celular do bolso e continua a olha-la.


- Pra que esse celular? André, chega! É intriga que você quer? É suspensão que você vai ter.


Ele aperta um botão do celular. Sorri.


- Eu só queria mais uma prova no processo.


- Processo? Está ficando louco? Que processo é esse?


- O que eu vou pôr em você. Muito obrigado pela ajuda. – André saiu sorrindo.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Gente atrapaiada sô!

- Filha! Filha! Oh Menina! – Grita dona Matilde, que do quintal pendurava as roupas e os lençóis naquela quinta-feira nublada.


- O que é que foi mãe?... Coisa chata. – Amélia saiu do quarto arrumando os brincos largos em suas orelhas delicadas.


- Filha, cê vai sair? Vorta tarde? – Matilde entra brevemente na cozinha e sai com sua bolsinha simples de dinheiro.


- Que isso? – Amélia arrumava suas coisas na mochila.


- Minha borsa de dinheiro ué... – Explica Matilde com a bolsinha na mão.


- Tá... E pra que isso?


- É dinheiro fia...


- Que é dinheiro eu sei, mas pra que? – Amélia a olhava com curiosidade e receio do que poderia vir.


- Ué, pra que se usa dinheiro fia?


- Pra comprar...


- Então, uai, qual a dúvida?


- O que eu vou comprar?


- Mas eu ainda num falei.


- Então fala...


- Hi... Esqueci fia... Cê fica me atrapaiando, menina... Vô te conta...


Então Amélia foi pra escola, já que era a única coisa que lhe restava... Família!