sexta-feira, 8 de agosto de 2008

A ATITUDE DA PERUA!

Alichia tinha esse nome estranho por vontade do pai. Não que ele tivesse uma etnia importante ou porque tinha um significado transcendental. Era simplesmente “UM NOME EXÓTICO, NADA MAIS.” Repetia ele.
Ela cresceu e se tornou a mais perua do grupo de dondocas que se reuniam semanalmente pra fazerem absolutamente nada. Cresceu na hostilidade e na mesquinhez, coisa de todo rico e ela não achava nada de errado nisso.
“SOU ASSIM MESMO, SOU PERUA E NÃO VOU NEGAR MINHAS ORIGENS. MEUS PAIS NASCERAM EM LONDRES E EU TENHO CULPA SE ELES SE TORNARAM RICOS.” E repetia isso até as meninas do encontro oficial de peruas da zona sul caírem em gargalhadas.
No transito no dia seguinte próximo ao farol um homem a ultrapassou e a ultrajou. “SAI DA FRENTE SUA PERUA TRESLOUCADA.”. Achando isso um absurdo ela para numa padaria pra tomar um café antes de ir pro clube, na sua aula de ginástica.
“BOM, SER PERUA NÃO TEM NADA DE MAIS. PENA QUE EXISTA ESSE PRECONCEITO...” ao ver uma cena que estava acontecendo ao seu lado, parou de tomar seu café e assistiu.
A mulher estava em pé, próximo ao caixa e um menino de rua apareceu pedindo esmola. “Uns troco pra eu comer tia”, a perua de chapéu magenta claro se virou e pronunciou essas palavras doces e meigas. “SAIA SEU FEDELHO IMUNDO. QUE COISA DESPUDORADA. OLHA MEU NÍVEL SEU SUJEITINHO INDECENTE.”
Nisso Alichia se levanta deixando a xícara de café da mesa e segue em direção da cena.
“Posso saber o porquê a senhora ofendeu esse menino? Ele só está na rua porque a senhora trata a todos desta forma. Sua síncope de boas morais e de maneiras está totalmente divergente.” E se calou.
“Que piruazinha mais displicente. Com licença.” E a senhora se retirou.
Alichia deu dois reais ao menino, que agradeceu gentil e voltou pra sua “casa”.
“Isso pode ser um começo.” – Pensou Alichia ao estacionar o carro e entrar no clube.

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