Edivânia ia todo domingo visitar filho na prisão como de costume. Mas dessa vez iria ser diferente. Passou pela revista, tinha levado bolo, pães e outras coisas. Entrou no pátio da prisão e foi procurar por ele.
- Benção, mãe. – Disse Marcão ao ver a mãe e ao abraçá-la caiu no choro.
- Pare com isso meu filho. Não vê que isso não tem sentido. – disse ela seca.
- Como assim mãe? Não tem sentido minha vida. – ele se levanta. – Ai que saudade da senhora, da sua comida...
- De um lar, né meu filho? – ela o interrompe.
- Também mãe. – ela não mudava o olhar de pedra dela. – Vamos sentar e conversar melhor vamos? – ele a leva pra um lugar um pouco mais isolado. Ela se sente um pouco contra vontade. – Me conte como anda minha irmã, Fátima?
- Ela está bem. – diz olhando pros lados.
- E tio Carlos? Como anda com a oficina? – ele tenta de todo jeito deixar a mãe nem que seja um pouco mais confortável.
- Ta bem também. – ela o olha como se fosse dizer o que tinha que dizer, porém aos poucos sempre ia perdendo a coragem.
- E porque ninguém veio me visitar ainda? Sabem que presídio eu to? Onde estou? Sabem mãe? – Ele a pega pela mão. Ela sem jeito se desvencilha e se levanta. – Que foi? Aconteceu alguma coisa? A senhora está tão estranha desde que chegou. – se levanta também.
- E que... – Cria coragem. – Essa é a... – ela o abraça como não o tivesse visto há anos e se emocionam.
- Mãe, oh mãe. Que saudade da senhora. Como a senhora me faz falta, sua força e coragem. Me ajuda a enfrentar o mundo daqui mãe? Me ajuda? – ele parecendo uma criança pede ajoelhado.
- Essa é a ultima vez que venho aqui, Marcos. – com voz firme ela despeja a fatídica frase.
- A senhora me chamou pelo nome? Como assim a ultima vez mãe? – se levanta se a pega pelos ombros, ao mesmo tempo apertando e suplicando ajuda, sem entender nada. Ela se banha em lágrimas.
- Isso mesmo meu filho... – ela se solta. Vira de costas pra ele por não poder dizer isso de frente. – É a ultima vez que venho aqui te visitar. De agora em diante nem família, nem eu vamos vir te ver. – Ela se vira e vê lágrimas caem dos olhos de seu filho. Ela sente vontade de abraçá-lo, porém se segura.
- Tem algum motivo pra isso? – Marcão desolado.
- Vou me mudar pra Paraíba, minha terra, e sua irmã vai comigo. Seu tio nunca quis vim aqui...
- Sempre me chamou de vagabundo pelas costas que eu sei. Mas ele sabe muito bem que... – começa a perder o fôlego.
- Sabe que você se tornou um bandido. Nunca te ensinei isso meu filho.
- Eu sei.
- ENTÃO PORQUE MEU FILHO, POR QUÊ? – grita ela no desespero. Estava pra perguntar isso a muito tempo.
- Porque ele mereceu. – rosna de ódio.
- Ele mereceu e ocê ta ai, trancafiado nessa prisão imunda. Eu te escrevo, não se preocupe – ela da um passo em direção a saída.
- Boa viagem mãe. – ele diz antes dela dar mais um passo.
- Obrigada. – ela se vira e responde. E tenta ser forte, porém se vira novamente e ele com a cara coberta pelas mãos e ajoelhado no chão, levanta o rosto ao vê-la se virar.
- Nunca se esqueça meu filho. Nunca mesmo, que a única pessoa que te ama sou eu. E que hoje, deixo contigo meu coração.
E ela sai aos prantos em direção a Paraíba.
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