quarta-feira, 30 de julho de 2008

UM BREVE ADEUS!

- Mas, por quanto tempo você vai ficar mesmo filha? – Perguntou dona Renata pra filha no Aeroporto.
- Uns dois anos, mais ou menos. – Respondeu zelosa, Márcia. Estava de partida pra Itália a serviço.
- Lá é frio, né? Está levando blusa, minha filha? Olha...
- Calma mãe, estou levando sim. Vou ficar uns tempos só, não precisa se abalar tanto. – Márcia acariciava os leves e grisalhos cabelos de sua mãe.
- Não, é que... Mas... Promete que vai escrever Márcia? – Disse a mãe com as mãos nos ombros da filha e os olhos cheios de lágrimas.
- Claro, não prometi milhões de vezes que escreveria? Fica tranquila. E os presentes também estão de pé, hein. – as duas riram descontraídas.
- Só de ter você sã e salva vai ser um belo de um presente.
- E o papai? – Perguntou Márcia.
- Estava dormindo e não pôde vir. Você sabe o sono dele, não sabe? – Renata mudou sua fisionomia. Estava preocupada agora.
- Conversei com ele ontem. Me disse que ia se cuidar e cuidar da senhora e do Lucas.
- Seu irmão disse que será o homem da casa daqui em diante. – um breve sorriso brotou do rosto de dona Renata.
- Se bem que tem garotos de 19 que já são pais de dois filhos.
- Credo filha. Vira essa boca pra lá. – Márcia riu gostoso.
- Vai saber, aquela namoradinha dele não é aquela safada que a senhora disse? – e riu novamente.
- Fica quieta. Se o Lucas te escuta me deixa na rua. Aliás, seu irmão está demorando no banheiro...
- Falando nele... – Lucas aparece atrás de Renata.
- Tricotaram muito? – Provocou Lucas e cutucando sua mãe pela cintura.
“ULTIMA CHAMADA. VÔO PARA MILÃO, ITÁLIA. PORTÃO TRÊS”.
- Tenho que ir, família. Beijos a todos que eu não vi e vocês se cuidem, por favor. E telefonem só se for urgente pra não ficar fazendo chamada internacional à toa. – Beijou a mãe e o irmão.
- Vai lá mana. Seu cuida e não se esqueça da minha camisa da seleção Original. – Renata tirou da bolsa um terço. O que era de sua mãe.
- Pode deixar. – E Márcia beijou a mãe.
- Se cuida filha. Fica com Deus. Que ele te proteja. – Disse Renata segurando a mão da filha no peito e lhe entregando um terço.
- A senhora também. Fica bem. – Com lágrimas brotando aos poucos de seus olhos verdes, Márcia soltou a mão da mão de sua mãe e se virou.
Foi andando sentido portão três.

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