Amanda sempre que visitava
aquela chácara, sua memória era inundada de lembranças e sentimentos. Ao aproximar
os pés daquele lago que sua mãe lhe deu a luz, e que o mesmo lago cuidara da
alma da doce e linda jovem Serena segundos depois, as lágrimas caiam de seus
olhos sem nenhum esforço. Era automático, magnético. Sua vida estava ligada
àquele lago para todo o sempre.
Ela pôs os pés na beira, sentindo o gelado da água, e a
areia grossa que ela pisara lhe dera a sensação de purificação. Fechou seus
olhos e se lembrou dos momentos que, quando criança, pegou os retratos de sua
mãe na estante da sala, e olhava em seus olhos, se perguntando, Onde ela estaria?
Estaria olhando para ela? Seria feliz? Amaria alguém igual seus pais se amaram
um dia?
Não era difícil lembrar, na sua infância, pelos cantos,
Amanda via seu pai chorar a cada aniversário dela, lembrando-se do acontecido. Ele
amara sua mãe por demais. Conheceram-se na Bahia, numa das viagens de negócio
dele, como seu pai dizia. Ela era uma morena de dar calafrios, taquicardia, de
uma beleza que hipnotizava e uma sensualidade que os olhos não conseguiam olhar
para outra coisa a não ser o sorriso de quando ela balançava sua saia, em uma de
suas apresentações de dança para os turistas.
Amanda se abaixou, emocionada, e pegou um pouco d´água
com as mãos e molhou o rosto. Em sua pele morena escorria àquela água que lhe
dera a vida, e que naquele momento ia ser responsável por mais um recomeço. Molhando
seus cabelos morenos, sentindo a brisa fresca que vinha do horizonte, ela
pediu:
- Mãe Serena, aonde quer que esteja. Olhe por mim, me
proteja. A mim e a meu pai. Sei que estás ai no céu, ao lado do voinho. Fique ao
meu lado, faça da minha vida um mar de felicidade e amor. Muito obrigado por
tudo o que fez por mim. Deu sua vida neste lago por mim, lutou até o fim pra
sobreviver e por isso hoje não está do meu lado, mas, lhe retribuo sua força
com toda a minha alegria em ser sua filha e meu agradecimento por tudo o que
fez por mim. Amém.
Com seu rosto banhado por lágrimas de alegria, Amanda se
levantou e voltou a si com o chamado de seu pai, que se aproximou, pegou
delicadamente em seu braço, enxugou as gotas que escorriam dos cabelos da
filha.
- Vamos, minha filha. A cerimônia está para começar. Não
se preocupe, aonde quer que Serena esteja, ela está olhando por nós.
Um comentário:
E aí Rafael, tô lendo e gostando! Parabéns pelo Blog, abração, Léo
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